sexta-feira, 3 de junho de 2011

Remexendo gavetas


Lembrando do que disse Iberê Camargo “A memória é a gaveta dos guardados”, e remexendo nessa gaveta e também na da mapoteca, que na realidade são complementares e muito íntimas, percebo ainda que, nós que pintamos, que a dos guardados está materialmente “ilustrada e recriada” com o que se encontra na mapoteca e/ou em paredes nossa e de muitos outros...

Foi nessa remexida, na dos guardados e nas paredes alheias, que me deparei com trabalhos, de pelo menos duas décadas, que comprovam que só se pinta, desenha, grava o visto, o vivido, o sentido...

Muitos dizem que somos o que comemos, certamente verdadeiro nestes tempos de alimentação "politicamente correta", mas também e fortemente para mim, somos o que vemos. Sou o que vejo e vi.

O mundo e o momento dos trabalhos abaixo reproduzidos foram vistos, intensa e/ou dolorosamente sentidos, estão aí a provar que vão ainda viver muito e mexer com gavetas dos guardados de muita gente.


Retrato falado de um herdeiro, 1987,
aquarela s/ papel, 69 x 51,8 cm


Duas sobreviventes, 1987,
aquarela s/ papel, 69,2 x 51 cm


Os ídolos, 1987,
aquarela s/ papel, 69,3 x 52 cm






2 comentários:

  1. Para mim é muito interessante ver como era o seu trabalho em 87 e com ele é agora, como o trabalho retrata o que o artista vive. Muito interessante, Cassiano, um post que me pôs para pensar.

    Um abraço, bom fim de semana

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  2. Retrato falado de um herdeiro me arrepia e me comove a cada vez que me deparo com ele,por quê será? É o gesto,o orgulho ou a segurança da figura, abençoada a pessoa que o possui em alguma privilegiada parede.

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