sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Mistério das Coisas, das Gentes, dos Rios, das Árvores

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O Guardador de Rebanhos
XXXIX - O Mistério das Coisas
O mistério das coisas, onde está ele?

Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As coisas não têm significação: têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas.

Fernando Pessoa - Alberto Caeiro
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Que sabe o rio disso?
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que sabe a árvore?
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Um comentário:

  1. Cassiano que desenhos lindos!!!!!!!!!!!!! já os vejo gravados e aquarelados.....beijos, Zilá

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