A exposição individual simultânea com Ivone
Beltran, Dois olhares, realizada na Galeria PontoArt em São
Paulo, de 22 de outubro a 14 de novembro de 2015, contava com dezesseis
pinturas em aquarela. A curadoria foi de Alexandre Lopes, cujo texto de
apresentação está reproduzido abaixo.
A montagem
A abertura da exposição
O texto do curador Alexandre Lopes
Vestígios do acaso
Estar diante de um trabalho do artista Cassiano
Pereira Nunes é como ouvir um murmúrio vindo dos lábios do poeta Manuel de
Barros nos dizendo: Eu queria fazer parte
das árvores como os pássaros fazem...
Na sua mostra Vestígios do Acaso o artista
compartilha com o público fragmentos de momentos colhidos durante os seus dias,
encontros com a natureza seja aqui na cidade onde reside, São Paulo, ou pelo
mundo afora.
As árvores surgem em seu repertório imagético em
2008, primeiro como uma fração das paisagens que representava em seus
trabalhos, depois essas foram se tornando ao longo do tempo cada vez mais
evidentes, até transformarem-se em personagens principais de sua obra, não
apenas como um objeto, mas também sendo o motivo para expressão na criação de
suas aquarelas.
O artista em suas andanças se depara e se detém
diante da beleza, delicadeza, tenacidade e força das formas que encontra na
natureza transportando-as para sua obra, orquestrando assim com as nuances
cromáticas, as luzes, a água e os vapores que vão compondo suas árvores.
De uma paleta de cores refinada, matizes mais
fechados com notas tonais que se aproximam do calor em alguns momentos, o
artista parece nos oferecer uma gama de combinações afetivas.
Cassiano não opera apenas com aquilo que se
materializa diante dos nossos olhos, afinal o olho vê o mundo em fluxo, e a
obra de arte talvez seja uma tentativa de reter esse fluxo, de capturá-lo
dentro de um espaço e devolvê-lo ao mundo com toda potencialidade emocional
contida em si, como se houvesse um embate entre a realidade interior que luta
para se concretizar na realidade exterior.
Leitor voraz de escritores como Lygia Fagundes
Telles, Érico Veríssimo, o israelense Amós Oz, entre outros, assíduo expectador
de cinema, apreciador de grandes diretores, Cassiano consegue trazer estas
paixões e influências para suas aquarelas, por vezes se servindo da atmosfera
impregnada nesses trabalhos para suas composições. Temas e personagens ecoam
dessas linguagens como em A noite,
titulo do filme de Michelangelo Antonioni que também nomeia mais de uma de suas
obras presentes nessa mostra.
Diante das suas árvores o artista não apenas nos
convida para um espetáculo a ser admirado, mas para uma experiência a ser
vivida. Em consonância com a poesia de Keats sua arte reverbera e nos devolve a
ideia do poeta romântico onde, Tudo o que
é belo é uma alegria para sempre.
Alguns pinturas expostas
Cassiano
Pereira Nunes
Ilha, 2013
aquarela s/ papel, 35 x 25 cm
Cassiano
Pereira Nunes
Noite próxima, 2014
aquarela s/ papel, 45 x 38,2 cm
Cassiano Pereira Nunes
Rota da manhã, 2014
aquarela s/ papel, 44 x 34,5 cm
Cassiano
Pereira Nunes
Praça VI, 2014
aquarela s/ papel, 36 x 36 cm
Cassiano
Pereira Nunes
A noite III, 2014
aquarela s/ papel, 69 x 49,8 cm
Cassiano
Pereira Nunes
Praça VIII, 2014
aquarela s/ papel, 37,3 x 49,9 cm
Cassiano
Pereira Nunes
Adágio, 2015
aquarela s/ papel, 49,8 x 35 cm
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